sábado, 14 de janeiro de 2012

Capítulo 9


Eu estava dirigindo feito uma louca pela cidade, em direção à casa de Caíque. Meus pensamentos estavam a mil, e eu só era capaz de pensar no pior, que Lucas tivesse feito alguma coisa com ele, o tivesse machucado. Se alguma coisa acontecesse com o meu Caíque, eu jamais desculparia Lucas, e nem a mim mesma.
Após alguns minutos – menos do que o normal graças à minha velocidade – cheguei à casa de Caíque. Era uma casa muito bonita, com janelas grandes e amplas, fachada de tijolos brancos, e no canto da propriedade uma porta que dava para o jardim, o lugar onde ele passava a maior parte do tempo, brincando com sua irmãzinha.
Toquei a campainha e esperei até que alguém abrisse a porta. Lá estava ele. Excepcionalmente lindo. Seus cabelos castanhos bagunçados agora pingavam, indicando que ele havia acabado de tomar banho. Seus olhos verdes brilhavam, e como sempre eu me senti hipnotizada por eles. Me joguei em seus braços, e lhe dei um beijo demorado, como se fosse o último. Após alguns longos minutos, nos soltamos, mas continuamos fitando um ao outro deslumbrados.
- Caíque, pelo amor de Deus! Você tá bem?! Ai meu Deus aquela mensagem me deixou apavorada, você ta bem de verdade, meu amor? – finalmente eu quebrei o silêncio, despejando todas as palavras, em quanto tocava sua face à procura de algum sinal de violência.
 - Sabia que você fica linda preocupada? – ele disse, logo após beijando minha testa. – Eu estou bem pequena, de verdade. Nenhum arranhão. Aquele Lucas não é nada perto de mim! – ele riu mostrando seus músculos não muito definidos.
- Ah, assim eu fico muito mais aliviada – disse caçoando dele. – Mas... Amor, você vai me deixar aqui fora? Está frio, sabia?
- Ai pequena, me desculpa, entra, entra! – ele disse enquanto me puxava pra dentro de sua casa.
Não tive muito tempo para reparar no ambiente, pois logo que entrei, Caíque havia colocado suas mãos sobre meus olhos, fazendo com que eu não enxergasse nada.
- Eu tenho uma surpresa pra você. – sussurrou em meus ouvidos.
Ele me guiava pela cintura, o que tornava nossa caminhada um pouco complicada, mas muito agradável. Podia sentir quando esbarrávamos em alguns móveis, ou até quando algum objeto caía de sua superfície. Ouço quando ele abre a porta de vidro que sei que está à minha frente. Ele tira minhas vendas, e beija minha bochecha.
Estávamos em seu jardim, mas hoje ele com certeza estava especial. Caíque havia preparado um piquenique sob as estrelas para nós dois. Uma toalha vermelha estava por cima da grama, juntamente com nossos pratos, talheres e taças. Uma garrafa de vinho e duas caixas de pizza faziam parte do nosso cardápio.
- Surpresa! – ele disse, percebendo minha emoção. Ninguém jamais havia feito algo como aquilo pra mim.
- Você é perfeito, sabia?! – disse enquanto o abraçava.
Nos sentamos em cima da toalha e começamos a comer. Conversávamos sobre assuntos aleatórios enquanto bebericávamos ao vinho. Caíque havia ligado seu ipod, assim tínhamos música ambiente, embora nossas risadas se sobressaíssem.
Terminamos nossa refeição, mas continuamos no jardim. Estávamos em silêncio, eu deitada sobre seu peito, olhando as estrelas que hoje pareciam querer tornar a nossa noite ainda mais especial, pois brilhava como nunca, diante de nossos olhos. Estava a ponto de adormecer com as carícias de Caíque em meu cabelo, mas pude reconhecer a música que tocava um pouco baixo pelo ipod; Wonderwall, do Oasis. Era minha música favorita, e creio que Caíque sabia disso, pois hoje, só ouvimos músicas de bandas e cantores que eu idolatrava. O fato, é que eu não conseguia ouvir essa música sem cantar e dançar loucamente. Levantei de seu peito e comecei a cantar fazendo mímicas.
Ele me olhava incrédulo, se divertindo com a situação, até que o refrão chegou, e ele se juntou a mim e ao meu show.
- ‘Cause maybe, you’re gonna be the one that saves me. And after all, you’re my wonderwall.
Na verdade, aquela música não tinha um motivo aparente para ser a minha favorita, até aquele momento. Descrevia tudo pelo o quê nós dois passamos até agora. Nós dois salvamos um ao outro, e nos tornamos nossos próprios refúgios.
Deixamos a música no modo repetição, e agora em pé, nós dois pulávamos e dançávamos livremente, como se não existisse mais ninguém no mundo, exceto por nós dois.
A porta que conectava o jardim à cozinha estava aberta, e levava nosso barulho para dentro da casa. Caíque não havia me dito nada, então achei que estávamos sozinhos, mas tomei consciência de que não, pois me deparei com a figura de uma criança de não que mais que três anos parada na porta, nos encarando, prestes a chorar. Envolto em seus braços pude notar um coelho de pelúcia cor de creme com as orelhas roxas, idêntico a um que tive em minha infância. Óbvio que era Manoela, a irmã mais nova de que Caíque tanto falava. Tinha cabelos loiros cacheados na altura do pescoço, e olhos angelicais. Era linda, assim como o irmão. Ele logo percebeu que eu parara de dançar, e se virou para encarar o que quer que seja que eu olhava. Quando se deparou com sua irmãzinha, ele logo correu até ela, e a pegou em seu colo. Desliguei a música, pois tinha quase certeza de que a acordamos.
- Hey minha pequena, você acordou? – Caíque dizia quase que em um sussurro, enquanto eu me aproximava deles.
-Cá, eu tive um pesadelo, e não consigo mais dormir – ela respondeu ao irmão choramingando.
- Amor, me desculpa de verdade! – ele se desculpou agora se dirigindo a mim – Meus pais me deixaram tomando conta dela enquanto viajam, e eu achei que ela fosse dormir a noite inteira.
- Não esquenta. Eu já fui babá, e adoro crianças. – disse – Eu te ajudo a cuidar dela!
Eu realmente não me importava, pois cuidava dos meus primos sempre quando era menor, e até hoje cuido de algumas crianças da vizinhança.
- Hey, meu amor! – eu disse enquanto acariciava seus cabelos – Que tal se a gente assistisse um filme lá na sala? Eu posso te contar um segredo que meu pai me ensinou pra não ter pesadelo nunca mais! – pisquei pra ela.
O que eu mais gostava das crianças, é que elas eram mais sociáveis do que qualquer pessoa de 17 anos. A prova disso, é que após alguns minutos, Manoela já estava em meu colo, contando tudo sobre seu coelhinho de pelúcia, o Sr. Hutts.
Nós três nos deitamos na sala – Caíque apoiado no sofá, eu em seu peito, e Manu em meu colo – cobertos por algumas várias cobertas, assistindo ao último filme sobre vegetais piratas. Aparentemente, “nossa” pequena havia apagado.
- Soph, eu preciso te contar uma coisa... – Caíque disse após minutos de silêncio, em meu ouvido. – Olha.... a mensagem, você estar aqui hoje, o jantar, bom... Tudo isso foi pra te dizer uma coisa; eu te amo como nunca amei ninguém antes, e eu sei que mesmo nós dois sendo jovens demais pra pensar em futuro, eu tenho a certeza de que eu quero passar o meu ao seu lado. Ver você brincando com a Manu hoje, foi a prova de que você é a mulher certa pra mim. – eu podia sentir lágrimas de felicidade brotando dos meus olhos, quando ele fez um pequeno esforço para pegar algo em seu bolso. Era uma caixinha de veludo, e eu sabia que ela continha uma aliança. Neste momento, um sorriso do tamanho do mundo brotou em meu rosto. Quando ele abriu a caixa, pude notar que a aliança na verdade, tinha o contorno do símbolo do infinito.
 – Quer namorar comigo?
Eu estava sem reação, mas sabia que tudo aquilo que ele havia dito, também era o quê eu sentia.
Sem palavras, apenas balancei a minha cabeça, e me virei cuidadosamente para beijar seus doces lábios. Mais uma vez, foi um beijo demorado, como nós dois gostávamos.
- Ecaaa!! – a voz sonolenta de Manoela ecoou pela sala. Interrompemos nosso beijo com uma risada.
- Acho que agora tá na hora de dormir de verdade, né, meu amor?! – Caíque disse enquanto nós três nos levantávamos. Ele a pegou no colo. – Vem, vamos pra cama.
- Ah... Amor, eu vou indo pra casa então, tá?!Eu te ligo quando chegar.
Ele me olhou surpreso.
- Tá louca? Você acha que eu vou deixar a minha namorada sair sozinha e indefesa a essa hora da madrugada?! Não mesmo, vai dormir aqui comigo!
Madrugada?! Olhei para meu relógio e vi que era verdade. Eram quase quatro horas da manhã. Acabei concordando com ele, pois não tinha a mínima vontade de dirigir até minha casa.
Após finalmente conseguirmos fazer Manu dormir, nos dirigimos ao quarto de Caíque, no final do corredor. Algumas roupas estavam jogadas pelo chão, seu  violão estava encostado ao lado da escrivaninha onde ficava o computador, e acima da sua cama de casal – que ficava no meio do quarto – pude notar algumas fotos. Em algumas pude notar sua família, seus pais, Manu, e alguns dos melhores amigos de Caíque, que reconhecia da escola. O que mais me surpreendeu, foram as fotos de nós dois juntos. Eram poucas, mas tinha a certeza de que lotaríamos a parede em pouco tempo.
Estava morrendo de sono, e esperava por Caíque deitada em sua cama, enquanto ele tomava banho no banheiro da suíte. Prendi meu cabelo em um coque no alto da cabeça, e tirei minha calça, pois já estava começando a ficar desconfortável. Eu ficaria apenas com meu lingerie, mas estava muito frio pra isso. Acabei pegando uma camiseta de Caíque, que cabia quase como um vestido em mim. Ele abriu a porta do banheiro, e o vapor de dentro adentrou o quarto. Estava usando uma samba canção, e estava mais sexy do que nunca. Ficaria excitada, se não estivesse tão cansada. Ele me olhou divertido, e disse:
- Minha camiseta favorita. Mas confesso, fica melhor em você. – Era uma camiseta de zombies junto com a frase “A zombie ate my brain, but i’m still smarter than you”. Ele pulou na cama, e me aninhou em seus braços, beijando meu pescoço.
- Amor, você pode ligar o aquecedor? Eu sou muito friorenta, sabe?! – disse, fazendo manha.
- Eu ligo, mas pode ter certeza de que eu sou muito mais quente que ele. – nós rimos.
Nos acomodamos na cama, e após carícias, estávamos prontos para dormir. Me virei pra lhe desejar “boa noite”.
- Obrigada por ser a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, Cá. Eu te amo, demais, tchuco. – o chamei pelo apelido carinhoso e ele riu.
- Eu também te amo demais, minha pequena, pra sempre. Agora vai dormir, porque eu tô com sono! – ele disse brincando – Boa noite, namorada.
Como era bom ouvir aquilo saindo da boca dele. O efeito era muito melhor do que quando saiu da boca de muitos outros, inclusive de Lucas.
- Boa noite, namorado. – disse, beijando sua boca.
Acabei adormecendo, e naquela noite, tive o sonho mais lindo, real da minha vida.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Capítulo 8


Sophia Narrando
Caíque beijava meu pescoço, o quê me deixava arrepiada, e me fez retribuir o carinho. Enquanto o beijava desesperadamente, íamos nos aproximando cada vez mais de minha cama, coberta por pétalas.
Quando já estávamos na beirada, eu o empurrei - de modo que caísse deitado - tirei minha camiseta, e a joguei no chão. Deitei em cima dele e sussurrei em seu ouvido:

- Só me diz que é isso o quê você quer que eu sou sua.
- Sou seu, você é minha, e é isso o quê eu quero fazer - ele respondeu, enquanto tirava sua própria camisa e a jogava no chão, ao lado de minha blusa.
Em pouco tempo, não haviam apenas duas blusas, mas nosso vestuário completo.
E foi assim, naquela noite, onde todos haviam perdido o controle, que nós dois cometemos um crime passional, e nos entregamos um ao outro. Agíamos como se aquela fosse a última noite, e como se nunca mais pudêssemos tocar um ao outro. Eu sentia sua pele, mas ainda era pouco demais... eu precisava dele inteiro. Não foi a minha primeira vez, e sei que nem a dele, mas sei que aquela noite foi a mais especial de nossas vidas. Em tão pouco tempo, passamos por muitas coisas esperando por aquele momento, que parecia passar rápido demais. Podia passar o tempo que fosse, mas a cada vez mais, eu tinha a certeza de que passaria o resto de minha vida ao lado de Caíque.
Depois de um tempo, já não se ouvia mais barulho nenhum em meu quarto, agora escuro sem a luz das velas que se apagaram. Nossas respirações estavam em sincronia, e eu começava a adormecer em seu peito. Quando meus olhos já fechavam involuntariamente, eu me virei e olhei diretamente para seus olhos agora de um verde tão penetrante que me faziam suspirar.
- Eu te amo, sabia? - eu revelei aquilo que eu havia guardado em meu coração, e que já me sufocava.
- Você não sabe o quanto eu esperei pra te ouvir dizer isso. - ele disse. Logo depois, beijou a minha testa.
Não me lembro de quando adormecemos, mas quando percebi, já estávamos acordando. Ele primeiro, enquanto me enchia de beijos e cafunés, ao mesmo tempo em que abria meus olhos. Tudo era perfeito. Tudo era certo. 
De uma hora pra outra, tudo mudou; meu quarto foi invadido pela luz do corredor, e gritos. Gritos dominavam o ambiente. 
 - Como vocês dois puderam fazer isso comigo?! Eu devo ser uma idiota, não é possível - Luísa gritava enquanto nós dois levantávamos. Ainda estava de calcinha e sutiã, e Caíque havia vestido sua calça. Atrás dela, pude perceber que Lippe e Rodrigo a seguravam para que ela não cometesse uma loucura.
Explicações em vão, gritos, choros... uma noite perfeita que se fora. Eu não sabia o quê fazer, até Luísa se soltou, e invés de correr para dentro do quarto, se virou e foi embora.
- Caíque, o que foi que a gente fez?
- Eu não sei, pequena. Mas vai ficar tudo bem. - ele ainda atordoado em uma tentativa em vão de me consolar.

Caíque já havia colocado suas roupas, mas eu estava em choque demais para fazer alguma coisa. Ele, Digo e Lippe se revesam tentando me consolar, me afagando enquanto eu chorava em seus braços.
- Como ela ficou sabendo que ele estava aqui. - eu perguntei inconformada.
- Parece que seu antigo namoradinho, o Lucas, veio de penetra na festa, e viu quando vocês dois subiram pra cá. - Rodrigo respondeu com certo desprezo em ter que mencionar Lucas.
- Eu vou acabar com aquele filho da puta - Caíque disse saindo do quarto com raiva.
Eu gritava tentando alcançá-lo, e quando percebi já estava parada na porta da frente gritando pra que ele voltasse.
Subi novamente, mas dessa vez para tentar pensar no quê fazer a seguir. Tomei um longo banho, e coloquei uma roupa para ficar em casa. Lippe já tinha ido embora, então Rodrigo me fez companhia durante a tarde. Ficamos vendo filmes em meu quarto, enquanto nossa empregada limpava a sujeira do resto da casa. Já estava escuro lá fora quando recebi uma mensagem de Caíque. Meu coração acelerou na hora, mas já era bom saber alguma notícia.
"Soph, eu preciso que você venha aqui em casa, por favor. É urgente. Amo você."

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Capítulo 7


A tarde de Sophia e Digo foi totalmente dedicada à festa que aconteceria a noite. Passaram horas no supermercado comprando bebidas, salgadinhos, bebidas, e... Mais bebidas. A intenção era perder o controle, e eles realmente conseguiriam.
Chegando em casa, os dois se dividiram em funções. Rodrigo ficara encarregado arrumar a comida em vasilhas, colocar as bebidas no gelo - e coisas do tipo - e Sophia cuidaria da decoração.
A casa da família Bittencourt era bem ampla, se é que se pode assim dizer. O pai de Sophia era dono de uma empresa muito bem sucedida no ramo de ações, o quê garantia à família uma vida luxuosa. A mãe, tinha como ocupação viajar pelo mundo com suas amigas vítimas da sociedade, e foi em uma dessas viagens - a que aconteceu neste final de semana - que ela decidiu levar o pai de Soph, o quê significava: party hard.
A sala, onde seria o ambiente principal da festa , foi cuidadosamente decorada com luzes pelas paredes - ideia de Soph. Os objetos mais preciosos foram guardados nos armários, para não correrem o risco de quebrarem. A sala ficou linda, toda iluminada, mas o cômodo ao qual Sophia havia se dedicado mais, fora seu quarto. Velas vermelhas foram espalhadas por todas as superfícies, e pétalas de rosas foram postas ao chão, e em cima de sua cama. Aquela poderia ser sua noite de sorte, mas se não fosse, outro alguém, como seu irmão, poderia desfrutar do aconchego de seu esconderijo.
Por volta de sete horas, Soph começou a se arrumar. Tomou um longo banho, o qual a maior parte do tempo foi usada para pensar em sua vida. Ao sair, secou seus longos cabelos, e foi até seu closet procurar uma roupa para vestir. Depois de muito experimentar, e jogar roupas no chão, acabou se decidindo por uma mini saia preta, e blusa branca de ombro caído, com os dizeres "keep calm, and kiss me". Nós pés, usava um sapato de salto - não que precisasse, pois já era alta - preto. Sophia queria parecer mais sensual do que o normal, quando ia pra escola. Então, decidiu usar um sutiã vermelho rendado por baixo de sua blusa, de forma que ficaria levemente à mostra, mas sem ficar vulgar. Estava linda, e poderia conseguir o garoto que quisesse durante a festa.
Quando era mais ou menos nove horas, Lippe chegou e Sophia foi recepcioná-lo:
- Caralho, Sophia! Você tá muito gata! - Lippe estava tão surpreso, que seu queixo até caiu.
- Vai se fuder, Felippe, entra logo, antes que todo mundo chegue! - Sophia respondeu dando um tapa em seu amigo.
Os outros convidados foram chegando aos poucos, e em menos de uma hora, a casa estava lotada de gente, alguns até desconhecidos.
A música estava alta, e dava pra perceber que todos estavam se divertindo. Na maior parte do tempo, Sophia ficou perto de Lippe, bebendo, rindo, e dançando. Rodrigo havia sumido à alguns minutos, mas Soph sabia que ele estava em seu quarto, fazendo sabe-se lá o quê, com sabe-se lá quem.
Do outro lado da sala, estava Caíque. Ele estava meio perdido, procurando por Sophia, e no meio da sua agonia de sentimentos, já havia bebido alguns vários copos de vodka. Resultado: Caíque e Sophia estavam bêbados, no mesmo ambiente. Era a chance perfeita para Digo e Lippe colocarem seu plano em ação.
Passaram a semana inteira pensando em um jeito de fazer Sophia e Caíque finalmente ficarem juntos, e aquela era a oportunidade perfeita. 
Lippe deixou Sophia sozinha por alguns minutos para ir até o quarto de Rodrigo, para avisar que Caíque estava na festa. Foi só ele virar as costas, que Sophia estava dançando descontrolada em cima da mesa de centro com alguns 3 meninos. Com certeza ela havia perdido o juízo, e não se lembraria de nada no dia seguinte.
Após subir as escadas, Lippe se dirigiu ao quarto de Digo e se deparou com uma cena um pouco constrangedora. Não foi o quê imaginava que estava acontecendo no quarto. Parece que a menina que acompanhava Rodrigo, Claire, tinha bebido demais, e agora vomitava na cama de Digo, enquanto ele observava com nojo.
- Cara, você vai querer ver a sua irmã dançando feito uma louca em cima da mesa, ou prefere ajudar essa aí a se limpar? - Lippe disse rindo.
- Acho que nenhuma das duas! Vejo a Sophia dançando feita uma louca todo dia, quando ela se tranca no quarto. 
- A única diferença, é que o Caíque não vem pra sua casa todo dia, manezão.
- Caralho Felippe, porque você não disse logo? Corre, cambada!! - Rodrigo disse levantando da cama. Já estava na porta, quando virou e dirigiu o olhar a Claire - Me liga depois, viu?!
Os dois garotos desceram correndo as escadas, e se depararam com uma cena inimaginável em tais circunstâncias; Caíque havia subido na mesa, e agora beijava Sophia. Tudo aconteceu de uma maneira mais fácil do que eles haviam planejado.

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Sophia Narrando
Eu realmente estava me divertindo na festa. Confesso que havia bebido mais do quê podia, mas que se foda. 
Estava conversando com Lippe, quando de repente ele some. Pra falar a verdade, eu preferi que fosse assim. Ele estava me controlando demais, dizendo que já tinha bebido muito... eu precisava aproveitar. Não me sentia livre e confiante como me sentia à séculos. Foi então que resolvi me entregar à música, e fui dançar em cima da mesa. Logo, mas alguns três garotos - lindos, diga-se de passagem - se juntaram a mim. Estava tudo muito bem, até que eu avistei Caíque. Tentei evitar que ele me visse, então virei de costas para a direção onde ele estava, e fiquei com meu rosto colado ao de um garoto chamado Matheus. Não sei se ele achou que estava dando mole, mas quando percebi, ele estava vindo para me beijar. O empurrei com uma força maior do que a pretendida, e ele acabou caindo da mesa. Já era de se esperar, mas estava mais bêbado do que eu. Por um momento, todos que estavam na sala olharam em minha direção, inclusive Caíque. Em questão de segundos, ele estava em cima da mesa, ao meu lado. Eu tentei evitar, mas não conseguia, pois Caíque tinha certo poder sobre mim... ele me atraía apenas pelo olhar.
- Soph... a gente precisa conversar. - ele disse, e pude sentir imediatamente pelo hálito, que ele estava bêbado.
- Jura?! Mas eu não quero. - respondi sarcasticamente.
- Se você não quer, deixa eu fazer outra coisa, que eu sei que nós dois queremos. - eu já imaginava o quê ele faria, mas confesso que quando ele me beijou, foi a melhor surpresa da minha vida.
Por um momento, eu havia esquecido de tudo o que havia acontecido em relação à Luísa. Fora o melhor beijo da minha vida. Eu estava derretendo por dentro. Tinha certeza do quê queria fazer a seguir. Era uma certeza dominada pelo efeito do álcool, que me deu certa coragem.
- Eu quero fazer algo mais com você. - sussurrei ao ouvido de Caíque - Me siga.
Descemos da mesa, o guiei pela multidão enquanto estávamos de mãos dadas. Passamos por Digo e Lippe, que estavam extasiados olhando para mim. Dei uma piscadela para eles, que apenas riram. Os dois planejavam isso faz tempo, eu já sabia, e finalmente iria acontecer.
Quando finalmente chegamos em meu quarto, as velas vermelhas já estavam acesas, e o aroma de rosas dominava o ambiente. Eu finalmente teria aquele que eu amo.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Capítulo Especial - All I want for christmas is you


Caíque narrando
Esse ano realmente não foi o que eu esperava. Ninguém nunca parou pra pensar em como eu me sinto em relação à tudo isso que está acontecendo. Namorar a Luísa foi inevitável. Quando se é melhor amigo de uma pessoa, as coisas simplesmente fluem. Eu achei que continuaria fluindo, que nós continuaríamos como namorados, mas como amigos em primeiro lugar. Ela mudou depois de tudo isso. Eu era seu troféu, e tudo o quê ela queria fazer era me beijar e me levar para a cama. Quando a Sophia apareceu, na verdade, ela era tudo o quê eu precisava. Era por ela quem eu pedia todas as noites, ela era o exemplo perfeito de como eu queria que a Luísa você. Mesmo sem conhecer a Sophia, eu tive uma necessidade de protegê-lá. A tarde que passamos aquele dia foi a melhor da minha vida. Há tempos não sentia como me senti, com borboletas no estômago. A cada vez que ela sorria, ou que falava, meu coração palpitava, e quase saia de meu peito para se entregar a ela. Eu me apaixonei no momento em que a vi. Era certo, mas continuava sendo errado. Eu estava pensando em terminar com Luísa, e me entregaria à Sophia, mas aquela noite em que eu a fiz chorar ao telefone, eu senti que não a merecia mais, por ter feito a mesma coisa que Lucas havia feito com ela. Os dias que passei sem a sua presença, sentindo a frieza em seu olhar foram os piores da minha vida. Ela não mais a Sophia que eu havia conhecido. Enquanto eu sofria, a Luísa simplesmente esqueceu de tudo que havia acontecido, e me dominava de uma maneira fria. Eu era assumidamente sue brinquedo. Secretamente, todos os dias eu pensava em Soph, e fazia planos para quando nos casássemos. Seria clichê, mas nós dormiríamos em um quarto cheio de fotos nossas, eu tocaria violão para ela dormir, e acariciaria seu cabelos até que ela adormecesse em meu peito. Eu a amava mais do que tudo na minha vida, e doía demais o fato de não poder repetir isso para ela. 
Esses dias, Rodrigo, o irmão de Sophia me ligou, me convidando para uma festa que eles dariam em suas casas. Eu queria, mas não deveria ir. Precisava falar com Sophia novamente. Precisava me desculpar, e beijá-la. Eu iria àquela festa custe o quê custar, sem Luísa. Sophia seria permanentemente minha a partir daquela noite.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Capítulo 6 - It's Christmas and I'm alone again.


Sophia passou o resto das semanas tranquilamente. Ela, Rodrigo, e Lippe - seu mais novo melhor amigo - costumavam sair todos os dias depois da aula pra simplesmente conversar. Ela adorava estar na companhia deles... se sentia livre, e com a sensação de que podia fazer o quê quisesse. Mas ela sabia que ainda faltava alguma para que sua felicidade estivesse completa. Todos sabiam mas na verdade, evitavam comentar.
Com o Natal chegando, ela nem sequer pensava em presente, só o queria ao seu lado.
- Hey, Soph. Quer ir tomar um café com a gente? - perguntou Lippe após a aula.
- Não... Hoje não... - respondeu Sophia com certo desânimo - Eu vou ter que comprar alguns presentes que ficaram faltando, desculpa.
- De boa, depois eu te ligo. - Lippe disse enquanto se dirigia à Rodrigo, que o esperava no carro.
Sophia entrou em seu carro, ligou o rádio e deixou seu novo cd com músicas natalinas tocar. Em 20 minutos estava entrando no estacionamento do shopping, pois iria comprar os presentes de sua família.
Andou por mais ou menos duas horas até riscar todos os itens de sua lista: Um perfume para sua mãe; um relógio para seu pai; um skate novo para seu irmão... e para Lippe, uma camiseta com os dizeres "Eu tenho a melhor amiga do mundo". Na verdade, era pra combinar com a que Lippe havia comprado, dizendo que ele era o melhor amigo do mundo. Comprou todos os presentes... mas havia um que estava faltando. O de Caíque. Sabia que jamais entregaria para ele, mas gostava de se iludir, achando que se comprasse, ainda teria alguma ligação com seu amado. 
Depois de tanto andar, e procurar, ela finalmente achou o presente perfeito. Era um conjunto de dvd's de filmes antigos, como aqueles que eles assistiram em sua primeira tarde juntos. Comprou do mesmo jeito, mesmo que todas as vezes que assistisse a algum daqueles filme chorasse, querendo que ele estivesse ao seu lado.
Sophia estava se dirigindo ao caixa, para pagar o "presente", quando encontrou Becca, uma antiga "amiga". Ela tentou disfarçar, e seguir direto para o caixa, mas Becca a avistou antes.
- Hey, Soph, tudo bom com você? - disse Becca enquanto Sophia se virava sem graça.
- Ah.. Oi, Becca. - Sophia disse enquanto acenava meio sem graça.
Becca nem reparou, e continuou falando:
- Nossa, eu fiquei sabendo do seu rolo com o Caíque, como que as coisas estão indo?
- Não estão, e você sabe muito bem disso! - respondeu Sophia irritada.
Becca continuou provocando Sophia.
- Bom, com você as coisas devem ter parado, mas com a Luísa elas continuam, você ficou sabendo? Parece que as coisas realmente ficaram sérias, eles até estão usando aliança. - Becca jogou na cara de Sophia.
Aquela notícia havia pesado sobre Sophia. Parece que Caíque realmente só queria iludi-lá. Mais uma vez, seu dia não podia piorar.
- Becca, isso realmente não me interessa - Sophia disse com raiva - Eu quero é que eles se fodam. E que você vá junto, vadia.
Dito isso, Sophia virou as costas na direção contrária da garota e do caixa, pois não compraria presente nenhum para Caíque. Daria um presente para si mesma.
Depois de guardar todos os presentes das pessoas que realmente importavam, Sophia entrou no carro, e saiu em alta velocidade para lugar nenhum. O rádio ligado no último. Gritava, chorava e extravasa todo aquele sentimento corrompido dentro de si. Rodou durante uma hora, até cansar e estacionar em frente sua casa. Entrou, largou as sacolas embaixo da árvores festiva - que estava devidamente decorada com bolas, bonecos de neve, e biscoitos - e seguiu em direção à cozinha. Abriu a geladeira, e pegou a caixa de suco de laranja. Sentou na bancada que se encontrava no meio do cômodo, e demorou alguns minutos para que percebesse o bilhete que seus pais haviam deixado. No post- it amarelo encontravam-se os dizeres:
"Meus amores, eu e o papai ficaremos fora por alguns dias. Juízo, amamos vocês".
Era a melhor notícia da vida de Sophia. Sem os seus pais, ela e Rodrigo poderiam dar a melhor festa da história da St. Judes, e ela finalmente teria uma oportunidade de esquecer os últimos acontecimentos.
Sophia saiu correndo pela casa, feito uma doida, em direção ao quarto de Rodrigo. Entrou sem bater na porta, e se deparou com o quarto escuro e bagunçado de seu irmão. Ele estava mexendo em seu computador, provavelmente falando com a "garota do momento". Rodrigo não prestava, por isso que Sophia o amava. Eles se completavam por serem que realmente eram. Acima de Digo, estava a prateleira de seus troféus graças às sua vitórias como capitão do time de futebol da escola.
- Digooooooooo!!!!! - Sophia gritava histéricamente - O papai e a mamãe viajaram, sabe o quê isso significa?! - seus olhos brilhavam.
- Porra Sophia, vai ter festa!
Rodrigo e Sophia pareciam dois loucos gritando, pulando e girando de felicidade sozinhos em casa. Logo os dois já estavam preparando a lista de convidados, e a de bebidas a serem compradas. A de bebidas era mais longa.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Capítulo 5

Sophia continuou sendo puxada até que ficasse à alguns metros de Luísa. Estava um pouco confusa, afinal, não fazia a mínima ideia de quem a estava conduszindo.
- Ahn... desculpa a pergunta, mas quem é você, e pra onde está me levando? - perguntou Sophia um pouco atordoada.
- Desculpa ter que ser apresentado assim, mas era o único jeito. Meu nome é Lippe, e seu irmão quem pediu que eu viesse. Parece que o boato entre você e o Caíque se espalhou por toda a escola. Mas toda mesmo.
Sophia corou.
- Ótimo, o que mais pode acontecer para que eu me sinta mais humilhada?
Lippe tinha uma expressão pensativa. Parece que queria ajudar, só não sabia como.
Ele era baixinho, com os cabelos bem lisos, e olhos cor de mel. Tinha um charme à parte... mas o aspecto meio inocente fazia com que parece muito novo para estar no terceiro ano.
- Olha, Soph... - ele começou - Não tem motivo pra que você se sinta assim. Todos nós sabemos que a Luísa só namora com o Caíque pra se exibir. Ele merece coisa melhor, se é que me entende... Acho que alguém deveria esfregar isso na cara dela. - ele deu uma piscada um pouco sugestiva para Sophia.
Foi preciso que ela reunisse todas as suas forças para sair do lugar, e mais um pouco para conseguir pensar em argumentos bem fundamentados. Quando chegou bem perto de Luísa - que estava cercada por outras meninas sem personalidade - ela tirou seus óculos, e soltou os cabelos, de maneira que ficava mil vezes mas bonita, e sedutora do que Luísa. A garota olhou pasma para Sophia, que começou a falar:
- Sabe Lu, acho que nós podemos jogar um jogo, para relembrar os velhos tempo, que tal? - disse sarcasticamente - Eu escolho o jogo da verdade, que tal?
Luísa estava com uma expressão confusa.
- Mas que porr... - ela foi interrompida.
- Bom, nem sei por onde começo... que tal na parte em que uma verdadeira biscate como você namora o menino mais doce e bonito de toda a escola, mas somente para exibição como troféu? Ou que tal que você não seja digna de sentimentos para desprezar a sua melhor amiga, como se ela não existisse? Bom, aqui vão mais algumas verdades; sua amiguinha cresceu. E seu namoradinho, foi buscar o que ele não tinha com você, nela. E quer saber, foi muito melhor. Sabe garota, você não é tudo isso. - Sophia terminou seu discurso com a melhor sensação possível. Estava mais auto-confiante. Deu as costas à Luísa, e caminhou pelo corredor com aplausos e assovios de pessoas que tinham as palavras dela como suas.
- Eu não podia ter pensado em algo melhor - Lippe disse, enquanto abraçava Sophia, com certo orgulho.
Os dois caminharam juntos, em direção às suas primeiras aulas, rindo de como Luísa tinha ficado com cara ódio sabendo o quê as pessoas pensavam dela. Estavam tão distraídos, que Sophia não percebeu quando esbarrou em uma pessoa.
- Ah, desculpa, foi sem querer! - ela se desculpou olhando para a direção onde a pessoa estava. Era Caíque.
- Não foi nada, Soph... - ele respondeu um pouco envergonhado - Ahn... eu fiquei sabendo sobre a sua "pequena" discussão com a Luísa.
Sophia não sabia como reagir, o clima entre os dois havia ficado um pouco tenso desde a noite passada.
- Obrigada, mas eram coisas que todos queriam falar, mas não tinham coragem. Na verdade, o Lippe quem me de encorajou - ela sorriu sem graça enquanto apontava para seu mais novo amigo.
Em Caíque, percebia-se que um certo ciúme havia surgido. Sophia na verdade não achava ruim. Não que tivesse alguma intenção com Lippe, mas servia para que Caíque percebesse o quê estava perdendo.
- Bom, eu já vou indo, a gente se fala depois? - ele perguntou esperançoso.
- Não sei - respondeu Sophia - Quem sabe quando você me der alguma certeza de que você não tem mais nada com a Luísa...
Após isso, Sophia saiu andando, ignorando qualquer que a pudesse seguir, pois se contimuasse ali perto, acabaria desabando em lágrimas. Ela gostava de Caíque. Gostava mesmo dele, talvez o amasse, mas era orgulhosa demais para admitir. Precisava começar a pensar em uma vida em que Caíque não interfirisse, pois assim seria melhor. Doeria, mas teria que se acostumar. Ele não era dela, e jamais seria, essa era a mais triste realidade.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Capítulo 4


Sophia ainda não conseguia acreditar em tudo o quê havia acontecido naquele dia. Parece que um amor se foi, mas logo Deus trouxe outro para ela... não conseguia tirar da cabeça que ficar com Caíque ainda era errado, mas não podia negar que gostou, e que ficou um gostinho de quero mais. Estava revivendo todos os momentos  que passara junto Caíque nas fotos. Não havia sequer reparado em quão bonito ele era. Alto, com os cabelos castanhos bagunçados, e seu olhos ora verde, ora castanhos tão penetrantes, capazes de te deixar sem ar. Sua face carregava um ar despreocupado. Era perfeito, mas de certa forma, inatingível.
Sophia era um pouco insegura de si mesma. Mas era bonita. Demais. Era alta, cabelos loiros ondulados caindo nos ombros, olhos castanhos bem escuros... ela e Caíque realmente formavam um belo casal.
Estava quase dormindo depois de tanto passar as imagens das boas lembranças daquela tarde -  que doíam mais das que envolviam Lucas - quando seu celular toca. Ela preferiu ignorar, até que viu que o nome de Caíque aparecia no identificador de chamadas. Ela atendeu, mas esperou que ele começasse a falar:
- Sophia, eu te acordei?
- Não... na verdade eu estava acordada, pensando na vida. - respondeu.
- Huumm... - ele pareceu pensar um pouco antes de falar o que realmente queria - Olha, eu só queria pedir desculpa por aquilo que eu fiz! Eu não tinha o direito, ainda mais fragilizada como você estava.
Fragilizada. Aquela palavra pesou aos ouvidos de Sophia.
- Então é isso? - ela perguntou com certa raiva - Você só me beijou porque sentiu dó?
- Sophia, não é isso, eu queria, de verdade! Eu ainda quero, mas nós dois sabemos que não podemos.
A raiva de Sophia aumentava ainda mais. Quer dizer, eles podiam sim. Depois de tanto pensar naquela noite, havia chegado à conclusão de que também tinha o direito de ser feliz, como todos à sua volta.
- Sabe Caíque, eu achava que você era diferente. - ela dizia em meio à lágrimas incontroláveis - O Lucas conseguiu magoar uma menina, mas você sabe que está fazendo muito pior, iludindo duas. Nós dois sabemos que você não ama mais a Luísa, e é inevitável o fato de que nós dois pertencemos um ao outro. 
Agora quem chorava era Caíque. Ela não tinha intenção de fazer isso, e nem imaginava que ele sentisse algo tão forte.
- Sophia... eu sinto muito, de verdade. O quê eu sinto por você é muito forte, de verdade. Eu amo você Soph, de verdade, mas eu não posso fazer isso com a Luísa.
- Caíque, eu cansei de ser feita de boba. Eu também sinto algo muito forte por você, mas eu só posso descobrir se é amor, se você realmente puder pertencer à mim. Desculpa, mas tem que ser assim. - com isso, Sophia desligou o telefone, e mergulhou em seu travesseiro, esperando que morresse afogada. Apenas adormeceu.
******
- Sophia! Acorda, porra! A gente vai perder o horário, e eu não quero chegar atrasado de novo. 
Sophia acordou com os gritos de seu irmão mais novo, Rodrigo. Era apenas um ano de diferença, então estudavam na mesma escola.
- Rodrigo, meia hora e eu tô aí em baixo, juro! - Sophia respondeu tão sonolenta, que era capaz que seu irmão nem a tivesse ouvido.
Mais uma vez, reunindo todas as suas forças como acontecia todas as manhãs, Sophia levantou de sua cama, tomou um banho super rápido no banheiro de seu quarto - o suficiente para que despertasse - e vestiu a primeira roupa que viu na sua frente: uma calça jeans clara, tênis vans e uma camiseta com a estampa de uma coruja - seu animal favorito. Arrumou seu cabelo em um coque no alto da cabeça, e colocou seus óculos de armação quadrada, que escondiam sua verdadeira beleza.
Desceu correndo as escadas, e nem parou pra tomar café. Deu um beijo em sua mãe, e outro em seu pai, e foi com seu irmão para a garagem, pois iriam com o carro dela para a escola, um Mercedes.
O caminho de sua casa até St. Judes era curto, apenas quinze minutos. Após estacionar o carro no estacionamento da escola, ela e seu irmão se separaram, pois o segundo e o terceiro ano estudavam em prédios diferentes.
- Bom aula, Digo - Sophia disse para seu irmão.
- Bom aula, Soph, amo você.
- Também te amo, caçula. 
Os dois irmãos eram muito amigos, pois a diferença de idade era bem pequena. Quando qualquer um dos dois precisava de conselhos amorosos, sabiam a quem pedir.
Sophia sabia que o dia de hoje seria estranho, só não sabia o quê esperar. Nem em seus piores pesadelos, a atual realidade seria tão nefasta.
Ao caminhar em direção ao seu armário, podia sentir o olhar de todos em sua direção. Alguns sussurros eram perceptíveis; "Nossa, como ela pôde fazer aquilo?!" "Você já tinha reparado nela? Tem cara de santinha, mas a gostosa é safada" "Se fosse comigo, eu não deixava barato". 
A vontade de chorar a dominava, pois as pessoas conseguiam ser realmente cruéis quando queriam. Saiu correndo pelo corredor, para chegar mais depressa ao seu armário, achando que estaria livre da multidão. Mas algo pior a esperava.
- Já te disseram que você é uma verdadeira puta?! - era Luísa que disse em tom de deboche para Sophia.
Ela já não conseguia ouvir mais nada, e a única coisa que queria era sair daquele lugar. Não conseguia, pois sua pernas estavam pesadas, e o mundo ao seu redor girava. Precisava de forças para ficar em pé, e não desmaiar, como sabia que aconteceria. De repente, alguém a puxou pela cintura, e a conduziu para longe dali. Ela só não sabia quem era, e para onde estava indo.